Se eu soubesse...
Não teria virado naquele corredor,
Não subiria as escadas,
Não cruzaria com teus olhos,
A sorrir aos meus.

O tempo vai, se dissolve.
Das lembranças, nada restou.
Apenas as materiais.
Juntaram-se uma a uma,
Tornando mil pedaços,
Seu rosto enrustido.
Ao meu coração partido.

Se você soubesse...
Não teria perguntado,
Não chegaria perto,
A poder sentir o doce,
E quente perfume.
Que outrora lhe dominou,
Os sentidos, fascinou-te.

De mãos atadas fiquei.
Ao vê-lo caminhar,
Em direção oposta,
Sem deixar rastos.
Ao sentir as paredes inacabadas,
Ainda em tijolo cru,
Desabarem sobre os sonhos.
Que pareciam não ter fim.

Se soubéssemos...
Não teríamos ido por aquela rua,
Que estranho! Não era o seu caminho.
Eu sim, por lá seguia em meus dias
Mãos suadas na inquietude,
Das palpitantes batidas,
Vindas do peito.
Soavam alto.

Se soubéssemos...
No carnaval não teria começado,
Na primavera não teria se firmado,
Para no Inverno ultimar.
Entre palavras doces, flores e lágrimas.
Nada restou.
Apenas flores estraçalhadas,
Lágrimas frias, doentes de dor.
Palavras ditas pela boca.
Perderam-se no ar.

Se eu soubesse...
Tais signos não seriam escritos.
Se você soubesse...
Teria ficado lá.
Naquele mesmo corredor.
Ah, se soubéssemos...
Jamais ousaríamos,
Naquele instante.
Olhar-nos.

3 Revelações:

Felipe Braga disse...

É. Tais lembranças materiais significam belas palavras nas mãos e na mente de quem sente.
Belo poema!
Parabéns.
Beijos.

Vinicius disse...

Oi.

"- Gostei do poema, onde uma história é contada, ao passo que é lembrada com nitides e nostalgia." Ótima semana. Abraço.

R.Vinicius

O Neto do Herculano disse...

Cruze o corredor!

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