É engraçado e estranho como as coisas acontecem em nossas vidas. A forma como lidamos com certas situações, a proporção que acarreta, o peso que se pode tirar e a importância que pode ter.
Analisar e decidir com a razão ou com o coração?

Ela nunca gostou de tipos como ele. Aparentemente mais novo, nem tão bonito, agitado, a primeira impressão era de um moleque. Haviam trocado poucas palavras por terem amigos em comum, nada de mais. Ao passar do tempo conversa vai, conversa vem começam a se conhecer.
Ela recém saída de um longo relacionamento queria apenas curtir e aproveitar os momentos que a vida lhe proporcionasse, não pensava em se envolver. Ele também havia vivido num relacionamento anterior, já estava há dois anos sem envolvimentos mais sérios, com intuito apenas de curtir a vida sem preocupações.
Interesses em comum, sem cobranças foram se envolvendo.
Falavam-se todos os dias, ele a esperava após o expediente, conversavam horas, para ela cada minuto era único, sentia que queria ficar ali para sempre. Ela já estava envolvida o bastante, sempre dizia a ele que não queria, falavam muito sobre relacionamentos onde ambos pareciam deixar claro que não estavam com interesses mais sérios.
Ela já carregando um sentimento, o conhecia o bastante para nunca deixa-lo descobrir o que sentia. Preferia esperar mesmo com o risco de se decepcionar depois. Pensava que podia sentir o mesmo que ela e que se deixassem as coisas acontecerem naturalmente o tempo iria mostrar o que fazer.
O tempo foi passando, a vontade de arrancar o que tinha no peito era tamanha, mas ela queria uma oportunidade, pensava que se houvesse não hesitaria em fazer.
Esperou e não sentiu segurança, resolveu não revelar coisa alguma. Tudo ficaria como estava.
As ligações foram diminuindo, o numero de vezes que se viam foram ficando cada vez menores, desculpas, compromissos, uma viagem, fim de férias.
Passa uma semana, duas, três...Ele não ligou, ela orgulhosa muito menos. Passa-se um mês, dois.
Ela se culpa por achar que deixou transparecer seu sentimento, se pergunta o que houve de errado e o porque da mudança. Tentou falar com ele algumas vezes, não obteve bons resultados. Quando se falavam diziam que precisavam se ver e conversar, matar as saudades, mas não passou disso.
Decidiu parar de tentar mudar as coisas, não o procuraria mais. Assim fez. Sempre se lembrava, sentia saudades quando ouvia aquela musica que os dois adoravam ou quando passava por um caminho que levava até sua casa. Após um certo tempo se viram algumas vezes, mas sempre na presença dos amigos, mal conversavam pessoalmente e o que ela mais gostava era de saber que quando o encontrasse iria abraça-lo eternamente. Aquele abraço a fazia parar no tempo, ali podia sentir o perfume de sua pele, seu calor, sua respiração. Passou a contentar-se apenas com seus abraços no final de semana.
Ela não saberia descrever o que sente, apenas sabe que é algo diferente do que já sentiu por outros, diz que não é paixão nem amor, é algo simplesmente estranho e indescritível. Um sentimento que ela deixa guardado, não a faz sofrer, apenas gosta de sentir. Ora esquece, ora vem avassaladoramente.
Seis meses depois, após tantas promessas de se encontrarem e nada dar certo, ele envia uma mensagem dizendo que ouviu aquela musica e sentiu uma enorme saudade. Sem reação ela não acredita no que vê. Depois de tanto tempo só agora ele diz estar com saudades e que quer vê-la?
Logo agora que ela nem lembrava e já havia desistido.
Mas as palavras mexeram com ela de uma forma que passou o dia a pensar se responderia ou não. Não queria que começasse outra vez, ficariam juntos uns tempos e depois ele iria sumir de novo e ela ficaria a sofrer. Aquilo tudo era vazio.
Pensou, pensou, pensou...
Não resistiu e marcou de encontra-lo. Estava boba com um sorriso incontrolável.
Conversaram sobre assuntos mais esquisitos possíveis, riram relembram coisas e se entregaram ao momento.
Naquele instante estavam na mesma sintonia.
Foi tudo tão inesperado, tão imprevisível que não cabia se preocupar com o que viria depois.
Ao se despedirem ela sentiu uma coisa diferente. Sentiu que valeu ter passado o tempo, que o sentimento é só seu, que gosta de senti-lo mesmo não o compartilhando, que eles juntos formam um elo que por mais que passe o tempo não irá se desfazer e que mesmo depois desse dia ele não ligar, não aparecer e não a procurar, ela se sentirá plena de tudo, pois tudo foi vivido intensamente.
O que ela se pergunta é: O que afinal sinto por ele?



Então não foi tão ruim quanto seria
Poderia ser pior do que você pode imaginar.
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1 Revelações:

Rafael Sperling disse...

Ela sente exatamente isso; o que ela sente por ele.

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